INCOMPETÊNCIA OU ESQUEMA?

Achei necessário trazer a público um assunto que pela gravidade já tinha de ser conhecido pela população há tempos. Nosso país é muito bem conhecido como um país com instituições extremamente desorganizadas, negligentes com o trabalho e muito pouco sérias, em suma, tudo menos produtivas.

Nota-se logo o estado dos serviços prestados quando vamos para uma administração por exemplo (nem preciso aqui detalhar acerca, porque os angolanos sabem muito bem do que falo).

Há um problema muito grave a se passar em instituições militares de importância inquestionável para o país, as academias militares, especificamente as dos ramos do Exército Nacional e da Força Aérea Nacional, ambas sedeadas em Benguela (Lobito e Catumbela, respectivamente).

As Forças Armadas Angolanas (FAA) que à luz da Constituição da República são definidas como sendo a instituição militar nacional permanente, regular e apartidária, incumbida da defesa militar do país, organizadas na base da hierarquia, da disciplina e da obediência aos órgãos de soberania competentes, sob a autoridade suprema do Presidente da República e Comandante-em-Chefe, nos termos da Constituição e da lei, bem como das convenções internacionais de que Angola seja parte.

As FAA possuem as academias militares que podem ser entendidas como sendo estabelecimentos de ensino superior universitário militar cuja missão é a formação de oficiais do quadro permanente das FAA com todo rigor possível, a fim de conferi-los toda competência adequada ao cumprimento das missões incumbidas e promover o desenvolvimento individual para o desempenho de funções de comando, direcção e chefia.

Há quem até as chame por “lar dos futuros generais”, os que num futuro breve serão responsáveis pela integridade e inviolabilidade do território.

A instituição que por sua grande missão devia ser a mais ou uma das mais organizadas do país, está com sérios problemas nesse quesito, ou por negligência, ou porque se está a correr na contramão do desenvolvimento da instituição (e me refiro a possíveis desvios).

No ano de 2020 a sociedade angolana assistiu a uma história triste de saque de dinheiro avultado que envolvia as FAA (caso Major Lussaty), o que deixa claro que os problemas com as finanças dos militares não é novo.

No início do ano de 2021 a responsabilidade do pagamento dos funcionários das FAA passou do órgão empregador (Ministério da Defesa) para o Ministério das Finanças comandado por sua Excelência Ministra Vera Daves, por conta das reformas implementadas. Aí surge o grande problema!

Com a passagem dos dados de efectivos de um órgão para o outro, notou-se logo uma grande desorganização com o tratamento de dados, pois que nos meses seguintes vários militares e funcionários civis da organização ficaram sem seus ordenados durante muitos meses, conta-se que nas academias militares alguns ficaram até 5 meses sem receber seus subsídios de direito e definidos no Diário da República.

Era importante falar de todos os problemas de forma pormenorizada, mas simplesmente poderei tratar com maior realce das academias para minimizar a matéria.

Como disse antes, no início do ano 2021, mas especificamente no segundo mês (Fevereiro), os militares designados por cadetes viram o Estado a passar a dever a alguns muitos, sendo modesto, cerca de 5 meses de subsídios.

Nos meses seguintes conseguiram ajustar os subsídios de alguns e outros tantos começaram a receber um valor que não condiz com seu estatuto e até hoje, passados muitos meses depois a situação persiste. Segundo relatos tem-se feito todos os possíveis, mas especificamente reclamações seguindo os trâmites legais recomendado pelo órgão (FAA) e nada.

Parece que a organização (FAA) nada faz ou simplesmente não quer fazer para dar solução ao problema.

Como se disse antes muitos desses homens e mulheres serão os responsáveis pela defesa da nação e estão crescendo a ver os seus superiores a agir de má fé com eles, como será quando lá estiverem se estão de antemão a beber do mau exemplo de organização e desinteresse pelo homem e camarada militar, que até se chegam a chamar “camarada de trincheira”, segundo ouço por aí.

Achamos que nossos filhos e irmãos estão a passar por uma situação de extrema complicação e por isso recorremos a vocês comunidade de informação, vocês que são a voz dos que não têm voz, afim de lhes ajudarem com uma matéria sobre o assunto para tornar sonante o grito de socorro dos nossos filhos e irmãos que estão a ser preparados para salvaguarda da integridade territorial, esses homens e mulheres militares que estão sendo abandalhados e desamparados por quem por dever os tinha de socorrer.

Nota: Por questões de segurança o Folha 8 mantém o anonimato do autor deste texto.

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